segunda-feira, 7 de junho de 2010

2012 no Rio: R$ 3 bilhões para salvar seu futuro


André Balocco, Jornal do Brasil


RIO DE JANEIRO - Enquanto governos e sociedade organizada se debatem sobre metas para reduzir a emissão de poluentes e minimizar o efeito estufa, um movimento silencioso vem ganhando força. Desde novembro, o Banco Mundial tem em mãos um estudo detalhado sobre os efeitos das mudanças climáticas em toda a região costeira do Brasil que, sob a ótica da economia, apresenta as oportunidades do futuro para quem quiser ganhar dinheiro. No documento de quase 600 páginas, coordenado pela Coppe-UFRJ (Coordenação de Pós-graduação e Pesquisa), estão mapeadas as áreas que serão arruinadas economicamente e as que se transformarão em Eldorados. Para minimizar os danos, o Banco Mundial já sabe que será preciso desembolsar R$ 3 bilhões.

– Para a zona costeira, os problemas que temos são fáceis de resolver em termos de tecnologia. O maior deles é o custo político – narra Paulo Cesar Rosmam, coordenador do projeto, formalmente encomendado pela Embaixada Britânica. – É um custo baixo em relação ao patrimonio ameaçado, que é de R$ 200 bilhões.

Difícil conciliação

Por patrimônio ameaçado, no estudo que uniu PUC-RJ, Inpe, UFCE, UFPE, UFRJ e outras excelências acadêmicas, entenda-se portos, mangues, casas, estradas, praias e lagoas da costa brasileira. Difícil, para Rosman, é conciliar as necessidades do planeta com o calendário eleitoral brasileiro.

– Infelizmente, não coincidem. A sociedade não cobra, não se organiza, não exige postura de seus governantes – lamenta. – Aqui, se constrói onde se quer, e não se leva em consideração as áreas de risco. A população humilde, os mais pobres são os que mais sofrerão com as mudanças nos regimes de chuvas. Vai chover tanto quanto chove hoje em dia, só que em vez de espaçadamente, a chuva virá concentrada, como em abril, no Rio e em Niterói.

Rosman não pergunta, nem insinua, mas o fato de citar um estudo de 2007 e que até agora não teve qualquer aplicação prática dá o rumo da conversa.

– Fizemos este estudo para os próximos 50 anos, mas ele tem de ser revisado, atualizado, no mínimo, de dez em dez anos, pois não se sabe o que vai acontecer exatamente.

A velocidade das mudanças é o que realmente interessa ao Banco Mundial. Rosman se orgulha de que, com este trabalho, o Brasil tenha um ponto de partida para discutir as mudanças climáticas, se preparar para enfrentá-las. O valor, para ele, é ínfimo, perto da ameaça.

– Gastar R$ 3 bilhões para preservar um patrimônio de R$ 200 bilhões não é nada.


.21:58 - 06/06/2010

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