segunda-feira, 23 de maio de 2011

Na contramão do pré-sal, biocombustíveis já geram empregos


Enquanto o País aposta no pré-sal como futuro da riqueza econômica brasileira, as produtoras de biocombustíveis começam a se instalar pelo território nacional com a promessa de substituir os derivados de petróleo por biocombustíveis. As regiões mais beneficiadas pela alta da produção serão as grandes produtoras de soja - vegetal mais usado para obter óleo de matéria-prima - e de cana-de-açúcar, principalmente na região Centro-Sul.

O governo anunciou, em maio, que a Petrobras deve aumentar de 5% para 15% sua participação no total da produção de etanol no País nos próximos quatro anos, o que deve abrir novas vagas com a ampliação e instalação de usinas. O uso de energia limpa economiza com importação de petróleo e reduz emissão de gases causadores do efeito estufa.

Os biocombustíveis podem ser feitos com base no óleo vegetal a partir de mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, pequi, colza e soja, por exemplo; gordura animal, como sebo e banha de porco, além de serragem, bagaço de cana e cascas de árvores. Da cana-de-açúcar também vêm o etanol combustível (hidratado) e anidro (misturado à gasolina nos postos de combustível).

A produção de biodiesel também depende da de álcool. O processo mais usado, a transesterificação, utiliza etanol ou metanol para reagir com o óleo vegetal. O biodiesel no Brasil é misturado ao diesel fóssil, geralmente a 5% do litro do combustível (o chamado B5), mas pode também ser puro - quanto mais próximo de B100, mais livre de combustíveis fósseis.

A busca de energia renovável e menos poluidora levou o governo de Goiás a liberar R$ 380 milhões em incentivos fiscais para a instalação da usina Bionasa e da esmagadora de grãos Onasa em Porangatu, a 406 km da capital goiana. A usina tem capacidade para produzir 235 milhões de l por ano de biodiesel a partir de óleo vegetal, principalmente da moagem de grãos de soja, mas também das sementes de algodão e de girassol.

Já a esmagadora pretende fornecer toda a matéria-prima para tornar a usina autossuficiente em óleo vegetal, sem a necessidade de adquiri-lo de terceiros. Cerca de 1 milhão de t de soja serão esmagadas por ano, segundo previsão da empresa. O presidente da usina, Francisco Barreto, pretende formar um quadro de funcionários 80% porangatuense. A fábrica já conta com 130 funcionários e pretende contratar mais 240. Devem ser gerados, também, cerca de 1 mil empregos indiretos.

Segundo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), a meta do Estado é trazer todas as indústrias de combustível verde que pretendam incrementar a economia de Goiás, principalmente com o aprimoramento da rodovia BR 153 - Belém-Brasília e do pátio de transbordo de mercadorias da ferrovia Norte-Sul, como sinalizado pela presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a região onde está instalada a Bionasa caminha para ser o centro logístico de produção e distribuição de biodiesel do Norte do País.

Em março, o Estado já havia visto a inauguração de uma usina de biodiesel feito a partir de sebo bovino, em Palmeiras de Goiás, a 78 km de Goiânia, pela processadora de carnes Minerva. A companhia afirmou que pretende instalar uma usina em cada cidade em que mantém um frigorífico de processamento, para aproveitar o sebo e abastecer os caminhões de transporte com o combustível. A processadora também está presente nos municípios de José Bonifácio e Barretos, no Estado de São Paulo, Goianésia (GO), Araguaína (TO), Campina Verde (MG), Bataiporã (MS) e Rolim de Moura (RO), além de uma unidade no Paraguai e outra no Uruguai.

O diretor comercial da Bionasa, Adilson Paschoal Montanheiro, adiantou que, no futuro, a usina pretende produzir biodiesel também a partir de sebo animal. Por enquanto, ainda segue a tendência do mercado de utilizar a soja como matéria-prima, que responde por cerca de 85% da produção da Bionasa. "Nossa intenção é produzir meio a meio. Os técnicos estão preparados para produzir biodiesel, independente da matéria-prima", afirma.

Já as usinas de etanol exigirão mecânicos qualificados para operar e soldar máquinas, como centrífugas de álcool, aquecedores, caldeiras, filtros e moendas, segundo a gerente de responsabilidade corporativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Maria Luiza Barbosa. "Uma usina possui uma diversidade de profissões. O País tem atualmente cerca de 435 usinas, e mais de 200 cargos devem receber capacitação profissional", afirma.

De acordo com ela, essa indústria vai exigir cargos em outras duas categorias: administrativa e agrícola. A primeira vai contemplar advogados, economistas, engenheiros agrônomos e ambientais, contadores e administradores de fazendas. O setor agrícola irá demandar cargos técnicos, principalmente operadores de colhedora de cana. De acordo com Barbosa, o curso de qualificação técnica da própria entidade para operar essa máquina exige mais de 320 horas letivas.

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