terça-feira, 25 de maio de 2010

Crise europeia: sistema bancário é a nova ameaça mundial


arolina Eloy, Jornal do Brasil


RIO - O Banco Central Europeu deve evitar que bancos com títulos de dívida pública da Grécia, de Portugal ou da Espanha quebrem, mas, para economistas, o risco existe. A compra de títulos pelo BCE pode contribuir para aumentar a liquidez dos papéis evitando que problemas de dívida se espalhem pelo sistema financeiro da Europa. Grande parte das dívidas estão nos bancos da Alemanha e da França e, em menor quantidade, nos da Itália.

Quatro instituições de poupança da Espanha assinaram um protocolo de intenções para fundir suas operações, mas mantendo suas marcas e imagens corporativas separadas. A Caja de Ahorros del Mediterraneo, Cajastur, Caja Extremadura e Caja Cantabria disseram em comunicado que planejam formar “um grupo com a ambição de se tornar uma das principais unidades do sistema financeiro espanhol”. O novo banco resultante da fusão terá 135 bilhões de euros em ativos e 2.300 agências. O anúncio é feito dois dias após o Banco Central da Espanha ter anunciado a intervenção na instituição de poupança CajaSur depois que esta não conseguiu chegar a um acordo para se fundir com a Unicaja.

A entidade financeira tem 13 bilhões de euros (US$ 16,35 bilhões) em empréstimos e detém 0,6% do total de ativos do sistema financeiro espanhol. O BC garantiu que o colapso do CajaSur não afetará a estabilidade do sistema bancário espanhol.

O chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, avalia que, com a insegurança internacional, o risco de contágio para os bancos é grande, mas deve ser evitado com as medidas de austeridade e apoio do BCE.

– As bolsas de valores são prejudicadas com as incertezas e tem impactos negativos imediatos. Já os bancos sofrem com a falta de liquidez e dificuldade de financiamento, mas não devem quebrar – avalia Freitas.

Preocupações com o sistema bancário europeu fizeram as bolsas de valores dos Estados Unidos recuarem segunda-feira, e o índice Dow Jones terminou no menor nível desde 10 de fevereiro, em queda de 1,24%, para 10.066 pontos. No Brasil, a Bovespa terminou o dia em queda de 0,56%, aos 59.915 pontos. O dólar terminou os negócios em leve alta de 0,16%, cotado a R$ 1,864.

Para Freitas, a maior preocupação do mercado é a renegociação das dívidas, o que reduziria o valor dos títulos para os credores. O BCE já comprou pelo menos 26,5 bi de euros em bônus soberanos. No começo do mês, o BCE começou a intervir no mercado de bônus de dívidas soberanas de países da zona do euro para restaurar a confiança dos investidores.

Ernesto Lozardo, professor de economia internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), destaca que o impacto é maior nos bancos de médio porte que têm títulos da dívida, já que enfrentam dificuldade de financiamento superior a das grandes instituições.

– A crise mostrou que os bancos europeus têm problemas como os americanos e vão precisar de ajuda para não quebrar.

O professor da Universidade de São Paulo (USP) Georgio Romano Schutte destaca: “A crise é grave. Deixar um banco quebrar pode ampliar os problemas econômicos da Europa e provocar uma reação em cadeira em outros países. O BCE vai evitar isso”, observa Schutte.


.22:19 - 24/05/2010

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